segunda-feira, 31 de maio de 2010

DELTA DE VÊNUS

O aventureiro livre e incapturável, pulando assim de um ramo dourado para outro,quase caiu em uma armadilha de amor, quando uma noite conheceu uma bailarina brasileira chamada Anita em um teatro peruano. Os olhos amendoados de Anita não se fechavam como os das outras mulheres, e sim como os dos tigres, dos pumas e dos leopardos; as duas pálpebras
se encontravam lenta e preguiçosamente; aqueles olhos pareciam implantados um tanto próximos do nariz, o que os fazia estreitos, com um jeito lascivo e oblíquo, como o olhar de uma mulher que não deseja ver o que está sendo feito de seu corpo. Tudo isso lhe dava o ar de uma criatura com quem estivessem fazendo amor, o que excitou o Barão ao conhecê-la.
Quando ele foi vê-la no camarim, Anita estava se preparando entre uma profusão de flores; e para a delícia dos admiradores que se achavam sentados à sua volta, pintava seu sexo com um batom, sem permitir que fizessem qualquer gesto em sua direção.
Com a entrada do Barão, ela limitou-se a erguer a cabeça e a sorrir para ele. Tinha um pé sobre uma mesinha, e seu requintado
vestido brasileiro estava erguido; com as mãos cheias de anéis ela
voltou à pintura, rindo da excitação dos homens que a cercavam.
Seu sexo era como uma gigantesca flor de estufa, maior do que qualquer um que o Barão já tinha visto, envolto por pêlos abundantes e crespos, lustrosos e negros. Eram os lábios que ela pintava como se fossem uma boca, com todo o cuidado até que ficaram semelhantes a camélias vermelho-sangue, abertos à força, mostrando o botão inferior fechado, o
coração mais pálido, de fina pele de flor. O Barão não conseguia persuadi-la a ir cear com ele. A aparição de Anita no palco era apenas o prelúdio de seu trabalho no teatro. Seguia-se depois o espetáculo pelo qual era famosa em toda a América do Sul, com os camarotes às escuras e de
cortinas semicerradas cheios de homens da sociedade vindos de todas as partes do mundo. Não se levavam mulheres a esse espetáculo burlesco de alta classe. Anita se vestira de novo; pusera um vestido de saia rodada que usava em cena para suas canções brasileiras, mas sem o
xale. A parte superior não tinha alças, e seus seios ricos e abundantes,
comprimidos pela roupa de cintura apertada,precipitavam-se para cima, oferecendo-se quase que por inteiro ao olhar de todos.
Enquanto o resto do espetáculo prosseguia, ela circulou pelos camarotes nesse traje. Diante de um deles, a pedido, ajoelhou-se à frente de um homem, desabotoou suas calças, tomou-lhe o pênis entre suas mãos
cheias de anéis, e com uma destreza,
uma perícia, uma sutileza que poucas mulheres jamais haviam conseguido
desenvolver, chupou-o até que o homem ficasse
satisfeito. Suas mãos eram tão ativas quanto sua boca.
A excitação era tanta que quase fazia os homens perderem os sentidos. A
habilidade de suas mãos; a variedade de
ritmos; a mudança de um aperto firme no pênis inteiro para o mais leve toque em sua extremidade, de uma vigorosa
massagem em todas as partes com um quase imperceptível puxão nos pêlos, à volta — tudo isso feito por uma mulher excepcionalmente bela e voluptuosa, enquanto a atenção do público estava voltada para o palco. Ver o pênis entrar em sua boca magnífica por entre os dentes cintilantes, enquanto seus seios arfavam,dava aos homens um prazer pelo qual pagavam
generosamente.
TEXTO DE: Anais Nin

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